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Classificações das Rochas Ornamentais e de Revestimento

  • Foto do escritor: suacasaumlar23
    suacasaumlar23
  • 8 de jul. de 2017
  • 9 min de leitura

Os diversos tipos de rochas ornamentais e de revestimento, ígneas, metamórficas, ou sedimentares, podem ser diferenciados por meio das descrições petrográficas, considerando, como já ressaltado, suas peculiaridades texturais. A seguir serão apresentadas classificações específicas para essas rochas com aplicações ornamental e de revestimento, com base em elementos que compõem uma análise petrográfica, tais como: conteúdo mineralógico, coloração, presença ou ausência de estruturas planares e lineares, forma e tamanho dos grãos.

1 - CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA E A COLORAÇÃO DAS ROCHAS

Em termos de produção, dentre os principais tipos de rochas com aproveitamento no setor de rochas ornamentais e de revestimento no Brasil, destacam-se volumosas ocorrências de "maciços granitóides", com grande diversidade de tipos (gnaisses, migmatitos, granitos etc.), inúmeros depósitos de rochas quartzíticas, inúmeras lentes de calcários e de mármores, raras ocorrências de esteatitos (pedra sabão) e de serpentinitos, diques e corpos gabróicos, depósitos de xistos diversos, rochas miloníticas e ainda depósitos de folhelhos, descritos incorretamente como ardósias.

• GRANITOS ORNAMENTAIS

Comercialmente, as rochas ornamentais e de revestimento denominadas como granito, nem sempre correspondem a esse tipo petrográfico, segundo proposta da Subcomission on the Sistematics of Igneous Rocks (IUGS 1973), apresentando elementos texturais muito discrepantes. Assim, com base petrográfica pode-se afirmar que os granitos comerciais, além de apresentarem granulação variada, podem envolver diversos tipos e extremos, aqui discriminados com base mineralógica em:

• Granitos quartzo-feldspáticos, representados pelos chamados granitos verdadeiros (Granito Ruby Red, Granito Cinza Andorinha, Granito Amazon Star etc.), mas também por inúmeros gnaisses migmatíticos ou não (Granito Verde Lavras, Granito Azul Brasil, Granito Knawa etc.), por rochas vulcânicas ácidas até intermediárias (Granito Azul Sucurú) e até por conglomerados (Granito Marinace); • Granitos feldspáticos, que correspondem, segundo classificação proposta pela Subcomission on the Sistematics of Igneous Rocks (IUGS 1973), aos sienitos (Granito Marrom Itarantim, Granito Azul Bahia, Granito Ás de Paus, Granito Azul da Noruega, Granito Marrom Caldas etc.); • Granitos máficos, que de fato correspondem a rochas básicas, tais como gabros de grão fino (Granito Preto São Gabriel, Granito Cotaxé etc.) e basaltos (Granito Basaltina). • Granitos ultramáficos, que correspondem a rochas ultramáficas ricas em serpentina, anfibólios, clorita etc. (Granito Verde Alpi, Granito Verde Boiadeiros etc.). Essas rochas podem apresentar colorações diversas, com destaque para os granitos amarelos (Granito Gold 500, Granito Juparaná, Granito Rio do Norte Amarelo etc.), os brancos (Granito Nepal, Granito Cotton White, Granito Branco Romano etc.), os cinzas (Granito Cinza Pirá, Granito Cinza Mauá, Granito Arabesco etc.), os vermelhos ou rosas (Granito Ruby Red, Granito Coral Pernambuco, Granito Rosa Raissa, Granito Rosa Imperial, Granito Vermelho Bragança, Granito Lilás Gerais etc.), os marrons (Granito Café Imperial, Granito Marrom Caldas etc.), os verdes (Granito Verde Lavras, Granito Verde Van Gogh, Granito Verde Pavão, Granito Verde Jade etc.), os pretos (Granito Preto São Gabriel, Granito Preto, Granito Cotaxé etc.), os azuis (Granito Azul Bahia, Granito Blue Valley, Granito Blue Wave, Granito Azul Sucuru etc.) e os beges (Granito Bege Pavão, Granito Arabesco Samoa, etc.) Quanto à coloração, esta pode ser explicada com base no conteúdo mineralógico primário e secundário das rochas. Os granitos cinza esbranquiçados e os preto esbranquiçados, que constituem os tipos mais comuns, tem essa coloração em parte devida à presença de minerais primários tais como feldspatos, quartzo e biotita. Tipos esbranquiçados são raros e denotam ausência de minerais máficos, enquanto tons róseos e encarnados decorrem da presença de certos feldspatos, de granadas como as almandinas, de inclusões ricas em ferro ou de suas alterações. Os tons de marrom decorrem da presença de inúmeras inclusões de agulhas de rutilo e lamelas de ilmenita em feldspatos e minerais máficos, enquanto os verdes claros, escuros e pretos devem-se à presença de minerais máficos como anfibólios e piroxênios, ou a cloritas, serpentinas e outros resultantes de processos de alteração dos constituintes primários. Quanto à coloração preta, esta será realçada pela granulação fina das rochas ricas em constituintes máficos. Tons amarelados e alaranjados decorrem da alteração de minerais máficos, como a biotita e de minerais opacos.

• QUARTZITOS ORNAMENTAIS

Os quartzitos ornamentais diferenciam-se por conta do grau de recristalização e pelo conteúdo em outros minerais, que não o quartzo. Quando apresentam alto grau de recristalização, a granulação é predominantemente fina e, se são constituídos essencialmente por quartzo, mostram textura granoblástica. Nesses casos, são muito resistentes e podem apresentar propriedades típicas dos chamados granitos comerciais. Nestes casos, a extração será a partir de blocos, sendo possível a obtenção de chapas regulares, em teares apropriados, com posterior processo de beneficiamento envolvendo o polimento e lustro. Por apresentarem características semelhantes a dos granitos ornamentais, estes quartzitos são descritos comercialmente, com certa frequência, como sendo granitos. Ao contrário dos primeiros, os quartzitos com alto conteúdo em minerais micáceos (Quartzito São Tomé) podem apresentar foliação até muito bem desenvolvida em função da disposição preferencial destes filossilicatos, o que não permite a extração de blocos. Nesses casos, são produzidas chapas, pois essas rochas partem-se com certa facilidade, segundo os planos definidos pela concentração dos minerais micáceos. Se a presença dessas estruturas planares facilita a obtenção das chapas, a falta de regularidade dos níveis, aliada aos métodos não adequados de extração, determinam grandes perdas e baixas taxas de aproveitamento para os mesmos. No mercado encontram-se ainda tipos quartzosos pouco recristalizados, que a partir da análise petrográfica, podem ser caracterizados como sendo meta-arenitos (Quartzito Rosa Aurora) e ainda aqueles com altos conteúdos em feldspatos, que correspondem a meta-arcósios (Quartzito Pink). Para os quartzitos, as cores variam entre os tons de branco, rosa (Rosinha do Serro), marrom, azul (Azul Macaúbas) e amarelo (Amarilio São Tomé). Quanto à coloração, os quartzitos puros tendem a ser brancos (São Tomé Bianco). Em presença de minerais opacos alterados, podem apresentar diversos tons de amarelo e rosa (Quartzito Rosinha do Serro). Por conta da presença de determinados minerais, como a dumortierita ou a cianita, os quartzitos podem ser azulados (Quartzito Azul Imperial) até cinza azulados (Quartzito Azul).

• CALCÁRIOS E OS MÁRMORES ORNAMENTAIS

Comercialmente, calcários e mármores são denominados como mármores. Assim como os quartzitos, tem suas feições texturais fortemente influenciadas por transformações metamórficas. Sem metamorfismo, os calcários caracterizam-se como rochas com granulometria muito fina, enquanto os mármores, em função do grau metamórfico, são granoblásticos e apresentam granulação variando de fina até média-grossa. Com qualificação ornamental ou de revestimento, destacam-se os tipos de calcários de grão muito fino e com larga aplicação no setor estatuário, que tem nos diversos tipos de Carrara os seus mais nobres exemplares (Bianco Carrara Venato, Bianco Statuario Venatino, Bianco Statuario etc.). Dentre outros tipos de calcários disponíveis no mercado, podem ser destacados o Bege Bahia, o Aurora Pérola, brasileiros e o Crema Marfil, espanhol. Quanto aos mármores propriamente ditos, destaca-se o Mármore Branco Extra. Embora não façam parte dos grupos de rochas tratados nesta obra, os calcários tem a sua caracterização petrográfica fortemente influenciada por conta de estruturas como os oóides e os fósseis. Como exemplo, e no caso dos fósseis, essa presença será sempre assinalada no nome da rocha pelo prefixo bio, conforme classificação proposta por Roberto Louis Folk em sua Classificação Prática de Calcários. Quanto ao restante da denominação para parte dessas rochas, essa será dada pela granulometria do carbonato presente, portanto outra feição relacionada com a textura da rocha. Assim, um micrito por exemplo, corresponde a um calcário formado preponderantemente por cristais de calcita de granulometria muito fina, resultantes da litificação de lamas clásticas muito finas, constituídas por elementos biogênicos aragoníticos e convertidos em calcita ou por precipitações diretas. Texturalmente, a rocha micrítica caracteriza-se ainda por ser maciça, por não apresentar estruturas e pela presença de baixos conteúdos em elementos terrígenos. Outro tipo de rocha calcária é o denominado esparito. Neste caso, a rocha contem cristais de carbonato com tamanhos que excedem aos 30 mm. Mas os calcários podem também apresentar várias feições e assim podem existir aqueles biosparíticos, com cimento esparítico, mas contendo partes micríticas (matrizes) e ainda com a presença de bioclastos (gasterópodos, foraminíferos, corais, moluscos etc.). Os calcários e os mármores podem mostrar grande variedade de cores com tons que variam entre o amarelo, o rosa, o salmão (Mármore Aurora Pérola), o marrom (Mármore Chocolate), o branco (Mármore Branco Extra), o vermelho (Mármore Bordeaux), podendo ser destacados ainda o Mármore Preto Florido e o Mármore Verde Jaspe. No caso das colorações amareladas ou avermelhadas, estas devem-se à presença de limonita ou goethita, enquanto os pretos à presença de matéria orgânica. Outra feição textural importante dessas rochas está relacionada com a presença de outros minerais, como o quartzo. Considerando-se os conteúdos deste último mineral, os calcários receberão denominações como calcarenitos ou arenitos calcários, sendo estes últimos também identificados como beachrocks.

• AS ARDÓSIAS

A partir de considerações petrográficas, ardósias podem ser descritas como sendo rochas de granulação muito fina e constituídas essencialmente por minerais filossilicatos, como é o caso da sericita, que corresponde a uma variedade criptocristalina de muscovita. Normalmente esse mineral mostra-se acompanhado por outros filossilicatos, como a clorita, e por diminutos grãos de quartzo, assim como por cristais de carbonatos. Para um determinado grupo de ardósias, também pode ser observada a presença de fases minerais que correspondem a transições entre o grupo das argilas e o das micas. Com base petrológica e de acordo com as normas que tratam das definições de rochas com aplicação ornamental, uma ardósia é entendida como sendo uma rocha com paragênese mineral formada por metamorfismo de grau baixo e que apresenta facilidade de partição ou fissilidade paralela aos planos de foliação, que recebe a denominação de clivagem ardosiana. Um outro grupo de rochas, de composição química e mineralógica semelhantes, mas que apresenta fissilidade paralela aos planos de sedimentação ou acamamento, representados por estruturas sub horizontais mostrando até algum arqueamento, é também identificado pelo conjunto de normas citado como sendo de ardósias, que nesses casos recebem a denominação de ardósias sedimentares. Do ponto de vista das aplicações, e considerando-se os valores obtidos para as caracterizações tecnológicas desses materiais pétreos, tanto as primeiras, quanto as últimas, apresentam as mesmas condições de usos. Em Minas Gerais, a principal área considerada como de ocorrência de ardósias, no caso sedimentares, é aquela situada entre a região de Sete Lagoas ao sul e Pirapora ao norte. Os materiais que afloram nesta área mostram grande variação de tonalidade, com o predomínio de tons esverdeados e acinzentados.

• ESTEATITOS (PEDRA SABÃO) E SERPENTINITOS

Com frequência, estas rochas são referenciadas comercialmente de forma incorreta como sendo granitos. Da atuação de processos aloquímicos em rochas ultrabásicas e ultramáficas, tais como dunitos e peridotitos, resultam modificações químicas e alterações mineralógicas com substituição de olivinas e piroxênios primários por serpentinas, anfibólios, cloritas e carbonato. Com o predomínio das serpentinas, a rocha resultante destas alterações passa a ser denominada serpentinito. Sob condições de temperatura em elevação e em presença de sílica, estes serpentinitos são transformados em esteatitos (Pedra Sabão), a partir da reação da serpentima com a sílica, que resulta na formação do talco e liberação de H2O. Quando a rocha contém quase somente talco, recebe a denominação de Pedra Talco e destina-se ao setor estatuário. No Estado de Minas Gerais, as principais áreas de ocorrência e extração destas rochas encontram-se localizadas nas regiões de Santa Rita de Ouro Preto, Congonhas do Campo e arredores de Ouro Branco. Atualmente, grande parte dos esteatitos extraídos destina-se ao mercado interno e é utilizada para a confecção de diferentes itens de uso doméstico e decorativos. Parte ainda pequena da produção destina-se a confecção de lareiras, que são exportadas para os mercados europeu e americano. O serpentinito, como o Verde Boiadeiros, tem sido utilizado como material de revestimento e não raro enfrenta a concorrência de produtos indianos e italianos (Granito Verde Rajasthan, Granito Verde Alpi, Verde Guatemala etc.). No passado, estes materiais, em especial os esteatitos, foram amplamente utilizados nas construções residenciais e nas edificações de importantes monumentos. São inúmeras as igrejas de Minas Gerais com pisos de serpentinito e detalhamento em pedra sabão.

• XISTOS

As rochas foliadas e especificamente, os xistos, resultam da transformação de rochas com origens e composições diversas, envolvendo desde rochas ígneas plutônicas ou vulcânicas até, com maior frequência, aquelas de origem sedimentar. Por conta das deformações a que foram submetidas apresentam estruturas planares (descontinuidades) e, às vezes lineares. Suas composições variam de acordo com as das rochas que lhe deram origem e são nomeadas por seus minerais constituintes. Petrograficamente, as rochas xistosas podem ser subdivididas em função do crescimento de minerais individuais durante o metamorfismo. No caso dos xistos, os grãos são maiores do que em uma ardósia, mas com o aumento do grau metamórfico xistos de granulação mais desenvolvida serão formados. Alguns dos minerais comuns aos xistos mostram tendência ao crescimento e podem constituir cristais com até alguns centímetros de comprimento, como é o caso da granada, da cordierita, da andalusita, da cianita e da estaurolita. Nesses casos, esses cristais recebem a denominação de porfiroblastos. No entanto, embora tenham um significado importante quanto ao design dessas rochas, essas diferenças de tamanhos interferem nas propriedades tecnológicas desses materiais, reduzindo-lhes as competências. A presença das estruturas planares também interfere nessas propriedades contribuindo para o aumento das condições de absorção e para o aumento das possibilidades de alteração. Para cortes paralelos aos planos de foliação verifica-se ainda um aumento do desgaste, quando esses materiais são aplicados em pisos e a possibilidade de desplacamentos, quando submetidos a esforços compressivos. Atualmente, ainda são poucos os tipos de xistos comercializados. Cordierita-andaluzita – xistos da região de Itinga, no norte de Minas Gerais, denominados comercialmente como Granito Matrix e diferentes Cianita-granada – xistos da Bahia, comercializados respectivamente com as denominações Iberê Mari Blue e Meteorus, constituem os tipos mais conhecidos.


 
 
 

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